
Zê Charone interpreta Dalila Ohana, que viveu com Magalhães Barata (Foto: Divulgação)
É noite de terça-feira em Belém do Pará. Zê Charone e Edyr Augusto Proença estão no Espaço Cuíra à espera de Cláudio Barradas para começar o ensaio do espetáculo “Sem Dizer Adeus”, que volta a ser apresentado na cidade. “Ele é padre, está rezando uma missa e vem direto pra cá”, explica o diretor Edyr Augusto. A peça entra em cartaz hoje e conta a história de Dalila Ohana, mulher de Magalhães Barata, um dos maiores líderes políticos do Pará, expulsa da própria casa quando o marido, com quem não era casada oficialmente, caiu doente.
Quando Barradas chega, está com uma calça de linho e uma blusa branca de algodão, onde um crucifixo de madeira se destaca. O ensaio já pode começar. “Se eu mandasse nesse país, todo mundo faria teatro pelo menos durante três anos. Teatro abre a cabeça. Nós entendemos de seres humanos”, diz ele, ao tentar explicar porque tornou-se padre depois de tantos anos como ator.
“Sem Dizer Adeus” é baseado no livro “Eu e as últimas 72 horas de Magalhães Barata”, de autoria da própria Dalila, que foi buscar na escrita sua forma de protesto. A adaptação recebeu o Prêmio Myriam Muniz de Teatro, concedido pela Fundação Nacional de Artes (Funarte) em 2009, e faz parte do projeto “Cuíra por Memória”.
Até 2012, a vida do ex-governador do Pará Joaquim de Magalhães Cardoso Barata (1888-1959) será tema do projeto, que encerrará com um grande musical. “Não sou admirador de caudilhos como o Barata, mas a injustiça com a qual Dalila foi tratada me incomodou. Acho que o teatro precisava tratar disso, não somente como fato histórico, mas principalmente para discutir o tema com a sociedade”, diz Edyr Augusto.
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Espetáculo “Sem Dizer Adeus”, de Edyr Augusto Proença. Com Cláudio Barradas e Zê Charone e participações de Henrique da Paz, Olinda Charone, Saulo Sisnando, André Mardock, Roni Hofstatter e Flávio Ramos. Reestreia hoje, às 21h, no Teatro Cuíra (Rua 1º de Março, esquina com Riachuelo, Campina). Ingressos: R$ 20 (com meia-entrada para estudantes). A temporada segue até dia 4 de setembro, sempre às sextas, sábados e domingos, às 21h.
(Diário do Pará)

